But are we all lost stars trying to light up the dark?
Comecei a sentir coisas novas e isso me fez perceber, o quanto é ótimo carregar o peso da vida nas mãos, quando se abraça algo e sente cada milímetro do seu corpo, o toque e a delicadeza que aquela pessoa, aquele ser e aquela situação refletem no quanto você preza pela vida.
Há tempos me sentia sem a sensação do toque. Como se meus dedos tivessem se enrijecido e meu corpo não conseguisse distinguir mais o que era toque, o que era pele, o que era vida.
Faz tanto tempo que desejei não sentir os pequenos prazeres que a vida proporciona, os sabores, os desejos e sonhar. Quando se anula isso, se anula tudo. Todo momento é como um frame de um filme, que dura nanosegundos e não representa absolutamente nada para si. Depois que você se abdica de sorrir e sentir os músculos do rosto se esvaindo, valoriza o sorriso, qualifica uma gargalhada, mede o valor das expressões. Tudo importa.
Tem dias que é difícil conviver com esse vazio, como se o vácuo causasse um rombo e você se perdesse nele e entre todas as outras coisas que a sensação costuma proporcionar. A irrelevância que pessoas, situações, coisas, sentimentos e qualquer “alguma coisa” podem causar. É inútil não se permitir o prazer de sentir o gosto pela vida.
Inútil é não sentir mais prazer. Inútil é não qualificar o que você acredita que exista. A constante em sentir-se embriagado, numa ressaca que não se cura e numa dor de cabeça que não passa.
Entre todas as inutilidades da vida, deixar esse sentimento inútil no peito é melhor do que não sentir nada.